A Vida, Obras e Sertões de Euclides da Cunha

Autor de Os Sertões, uma das maiores obras da literatura brasileira, que fala sobre a Guerra de Canudos, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha foi consagrado como um importante escritor brasileiro. Participante do movimento modernista, tomou lugar na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 7.

Confira um pouco sobre a vida, obras e outros aspectos relevantes no que tange este escritor.

Biografia

Euclides nasceu no dia 20 de janeiro de 1866 em Cantagalo, Rio de Janeiro. Perdeu a mãe aos 3 anos de idade e foi criado pelos tios no Rio de Janeiro, mais precisamente em Teresópolis e São Fidélis. Seus primeiros estudos foram feitos em colégios do Rio e da Bahia e já nessa época manifestava sua vocação literária. Suas poesias, publicadas no jornal estudantil O Democrata, criticavam a destruição da natureza pelo progresso.

Por falta de recursos, teve de se transferir em 1885 da Escola Politécnica para a Escola Militar, onde o ensino era gratuito. Em novembro de 1888, porém, foi expulso desse estabelecimento devido às suas ideias republicanas. Passou então a trabalhar no jornal A Província de São Paulo, um porta-voz do movimento republicano.

Retornou ao Exército depois da Proclamação da República e formou-se em Matemáticas, Ciências físicas e naturais, como era chamado na época o curso de Engenharia. Nesta mesma época, casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha de um dos seus colegas do Exército.

Euclides, em 1897, participou do começo da Guerra de Canudos, escrevendo sobre o conflito por convite O Estado de São Paulo. Devido aos seus ideias republicanos muitas vezes extremos, Euclides acreditava que o movimento de Antônio Conselheiro queria restaurar a monarquia. Ludgero, adotado por Euclides, como descrito em sua Caderneta de Campo, foi um menino resgatado da guerra.

Em 1902, Euclides então lançou seu livro mais conhecido atualmente, Os Sertões. Inicialmente, Euclides tinha uma ideia de que o movimento não era republicano, como dito acima, mas lendo a obra, percebemos que ele muda sua ideia ao compreender a sociedade daquela região.

De 1904 a 1907, aproximadamente, Euclides viajou pelo Brasil e outros países, escrevendo. Em sua primeira viagem, Euclides foi em um missão para analisar a fronteira brasileira-peruana, o que levou a escrita do livro À Margem da História. Depois, partindo de Manaus, Euclides tomou rumo para as nascentes do Purus, onde escreveu Peru versus Bolívia.

Euclides passava pouco tempo em casa, com tantas viagens. Assim, sua esposa Anna de Assis tornou-se amante de Dilermando de Assis, um jovem de 17 anos do exército. Ela teve dois filhos de Dilermando. Euclides suspeitava deste fato pois o filho de Dilermando que sobreviveu era loiro, enquanto todos os outros, filhos de Euclides, eram morenos.

Em 1909, depois de anos da traição de Anna, Euclides decidiu entrar armado na casa de Dilermando para matá-lo. Este reagiu e matou Euclides em legítima defesa, sendo absolvido posteriormente. Com a morte de Euclides, Dilermando casou-se com Anna e eles permaneceram juntos por 15 anos.

Suas obras publicadas em livros, além das inúmeras presentes em jornais e revistas são: Os sertões (1902); Peru versus Bolívia (1907); Contrastes e confrontos (1907); À margem da História (1909).

Os Sertões – Principal Obra de Euclides da Cunha

os sertões

O livro Os sertões, de Euclides da Cunha Conta detalhes da Guerra de Canudos

Como dito, de volta à vida civil, foi enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo para fazer a cobertura da Guerra de Canudos. Desembarcou na Bahia em outubro de 1897, a tempo de presenciar o massacre dos sertanejos rebelados. Com as observações feitas no local dos combates escreveu Os Sertões. Pertencente ao Pré-Modernismo, o clássico Os sertões de Euclides da Cunha tem como característica principal o regionalismo. O livro retrata as dificuldades vividas pelos nordestinos durante a guerra.

Antes de escrever Os Sertões Euclides tinha ideias muito fixas sobre como os sertanejos eram, pré conceitos que foram eliminados com a vivência da Guerra dos Canudos. O autor, então, começa perceber como o povo é sofrido e forte. Ele descreve a seca, os costumes do sertão e toda a cultura ali presente, quebrando com os paradigmas e levando para o sudeste a realidade dali .Podemos ver como ele começa a descrever os nordestinos de forma mais respeitosa no trecho abaixo:

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas”. (…)

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