Governo Provisório

Os Primeiros Anos da República

Proclamada a República, na mesma noite de 15 de novembro de 1889, formou-se o Governo Provisório, com o Marechal Deodoro como chefe de governo.

O Governo Provisório decretou o regime republicano e federalista e a transformação das antigas províncias em “estados” da federação. O Império do Brasil chamava-se, com a Proclamação da República, Estados Unidos do Brasil.

Em caráter de urgência, foram tomadas também as seguintes medidas:

  • a “grande naturalização”, que ofereceu a cidadania a todos os estrangeiros residentes;
  • a separação entre Igreja e Estado e o fim do padroado;
  • a instituição do casamento e do registro civil.

Porém, dentre as várias medidas, destaca-se particularmente o “encilhamento”, adotado por Rui Barbosa, então ministro da Fazenda.

Encilhamento: na corrida de cavalos, a iminência da largada era indicada pelo seu encilhamento, isto é, pelo momento em que se apertavam com as cilhas (tiras de couro) das selas dos cavalos. É o instante em que as tensões transparecem no nervosismo das apostas. Por analogia, chamou-se “encilhamento” à política de emissão de dinheiro em grande quantidade que redundou numa desenfreada especulação na Bolsa de Valores.

Política Econômica

Encilhamento

Especulação Financeira

Para compreender por que o Governo Provisório decidiu emitir tanto papel-moeda, é preciso recordar que, durante a escravidão, os fazendeiros se encarregavam de fazer as compras para si e para seus escravos e agregados. E o mercado de consumo estava praticamente limitado a essas compras, de modo que o dinheiro era utilizado quase exclusivamente pelas pessoas ricas. Por essa razão, as emissões de moeda eram irregulares: emitia-se conforme a necessidade e sem muito critério.

A situação mudou com a abolição da escravatura e a grande imigração. Com o trabalho livre e assalariado, o dinheiro passou a ser utilizado por todos, ampliando o mercado de consumo.

Para atender à nova necessidade, o Governo Provisório adotou uma política emissionista em 17 de janeiro de 1890. O ministro da Fazenda, Rui Barbosa, dividiu o Brasil em quatro regiões, autorizando em cada uma delas um banco emissor. As quatro regiões autorizadas eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. O objetivo da medida era o de cobrir as necessidades de pagamento dos assalariados – que aumentaram desde a abolição – e, além disso, expandir o crédito a fim de estimular a criação de novas empresas.

Todavia, a desenfreada política emissionista acarretou uma inflação incontrolável, pois os “papéis ” não tinham como lastro outra coisa que não a garantia do governo. Por isso, o resultado foi muito diverso do esperado: em vez de estimular a economia a crescer, desencadeou uma onda especulativa. Os especuladores criaram projetos mirabolantes e irrealizáveis e, em seguida, lançaram as suas ações na Bolsa de Valores, onde eram vendidas a alto preço. Desse modo, algumas pessoas fizeram fortunas da noite para o dia, enquanto seus projetos permaneciam apenas no papel.

Em 1891, Rui Barbosa se deu conta do caráter irreal de sua medida e tentou remediá-la, buscando unificar as emissões no Banco da República dos Estados Unidos do Brasil. Mas a demissão coletiva do ministério naquele mesmo ano frustrou a sua tentativa.

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