Revolução Farroupilha : Contexto, Motivações e Envolvidos
A Revolução Farroupilha (1835 – 1845) é conhecida também como Guerra dos Farrapos ou Decênio Heroico. Foi um levante regional contra o Império, com aspectos republicanos, e se caracterizou por ser a revolta brasileira que mais perdurou. Liderada pela elite fazendeira do Sul, a revolução na verdade foi sustentada pela massa pobre, que lutou e resistiu durante 10 anos.
Bom, a causa da Revolução foram decorrentes do contexto histórico da época, em que o Sul estava em um relacionamento conturbado com o poder central. Por isso, vamos discorrer acerca do contexto histórico, causas, evolvidos e muito mais. Confira este post para entender esta parte da nossa história de modo simples e rápido.
Contexto histórico e causas
O Rio Grande do Sul começou a adquirir poder econômico e relevância com a produção e comércio do charque, carne-seca que era a principal alimentação dos escravos do Nordeste e Sudeste, e gado, de modo que sua relevância crescia consideravelmente a nível nacional.
O estado sofreu três invasões em suas terras, pelos castelhanos, sendo palco da Guerra Guaranítica. Tal conflito teve como envolvidos o exército luso-castelhano e os índios missioneiros. Essa Guerra teve como objetivo obrigar os índios a obedecerem o Tratado de Madrid, que foi assinado em 1750 e determinou que as missões passariam para o domínio de Portugal e que Sacramento, base militar da coroa desde 1737, iria ficar com a Espanha. Assim, o Rio Grande do Sul passou passou a ser o principal foco da Coroa e foi se estabelecendo um relacionamento entre os fazendeiros, líderes locais.
Assim, os líderes passaram a ocupar alguns cargos importantes na fronteira e adquirir mais poderes políticos e econômicos. Desta forma, eles começaram a agir para seu próprio benefício, o que começou a desagradar os representantes da Coroa que ali estavam. Com o tempo, houve a conquista de maior autonomia dos povos do Sul em relação à administração lusitana, devido a esse poderio militar.
O conflito entre os políticos adeptos ao liberalismo e maior autonomia da região estavam desagradando da determinação da Coroa, que, com a Constituição de 1824, estabelecia um poder unitário no território nacional.
Ademais, os principais produtos do Rio Grande do Sul eram destinados ao mercado interno, enquanto as demais regiões relevantes do país, como Minas Gerais, exercia a mineração para o mercado externo. Com isso, o mercado do Sul ficava a mercê do consumo interno, enquanto poderia estar importante o produto com baixas tarifas. A província do Rio Grande do Sul também estava insatisfeita com a redução das tarifas alfandegárias para produtos referentes aos países da região do Prata, como Argentina e Uruguai. Esta medida gerou concorrência à economia do charque (produção de carne seca). Outro motivo que desencadeou o movimento foi a nomeação do Presidente da Província sulista. Essa nomeação foi feita pelo governo central, sem acordo com as elites gaúchas.
Entra as exigências estavam a diminuição da taxa sobre o gado na fronteira entre Brasil e Uruguai. Além disso, estavam insatisfeitos com a Guarda Nacional e com a falta de responsabilidade do governo de assumir os prejuízos da guerra que aconteceu ali.
O Conflito
A Guerra dos Farrapos ganhou este nome pelos farrapos amarrados nas roupas dos soldados, para que se reconhecessem. Esta guerra durou dez anos, de 1835 a 1845. Seu propósito era descentralizar o poder na província.
Em 1835, os conflitos entre as partes envolvidas chegou em um ápice. Haviam sempre reuniões sendo realizadas em casa de líderes, militares locais, fazendeiros e estancieiros, lideradas por Bento Gonçalves. Nas primeiras fases do conflito, em 22 de abril, Antônio Fernandes Braga, presidente da província, acusou os liberais de planejarem separar o Rio Grande do Sul do Império, unindo-o ao Uruguai. Com isso, aconteceram protestos e as sessões seguintes da Assembleia Provincial passaram a ser muito exaltadas. Todo este episódio caiu na imprensa, que passou a transmiti-lo de forma violenta e extrema.
Em 18 de setembro do mesmo ano, em uma reunião, decidiu-se que iriam se revoltar imediatamente contra a Coroa e que destituiriam Antônio Fernandes de seu posto, tomando Porto Alegre. Com este primeiro movimento, conseguiram tomar a cidade. Depois de diversos conflitos e contatos com a Coroa, a República finalmente foi declarada em 11 de setembro de 1836.
A reação imperial
A independência e a proclamação da república do Rio Grande do Sul eram prioridade dos líderes do movimento, pois só assim conseguiriam plena autonomia perante o governo central.
Giuseppe Garibaldi liderava o exército da Revolução Farroupilha, que tinha muitos soldados e uma boa estrutura. O governo central, por sua vez, temia pela desintegração do território brasileiro. Nomeou então o comandante Luís Alves de Lima e Silva para defender os interesses políticos do governo central.
Após várias mortes nas linhas de batalha, os integrantes da regência e os líderes dos farrapos chegaram a um acordo que colocava um fim a essa guerra sangrenta. Como medida pacificadora, o governo voltou atrás com a medida alfandegária sobre os produtos da região do Prata. Os revoltosos conseguiram anistia e a rebelião chegou ao fim.
Com a Revolução Farroupilha, que também lutava pela abolição da escravatura, vieram outros conflitos, influenciados por esta. Estão entre eles a Revolução Liberal, que ocorreu em São Paulo em 1842, e a Sabinada, na Bahia em 1837.