Eça de Queirós
Um dos maiores escritores portugueses, José Maria Eça de Queirós nasceu em 1845 em Póvoa do Varzim. Filho ilegítimo de um advogado e da filha de um militar, passou os primeiros anos com a madrinha e em internatos. Só conheceu os pais aos 10 anos, quando eles já haviam casado. Essa condição pode explicar sua sensibilidade para a hipocrisia moral e religiosa da sociedade da época, sempre denunciada em seus romances irônicos e realistas.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1866, foi para Lisboa, onde começou a escrever para a Gazeta de Portugal. Seus artigos seriam reunidos no livro Prosas Bárbaras. Sua experiência como administrador do Conselho da cidade de Leiria, em 1869, serviu para a redação dos panfletos de crítica política e social As Farpas, que redigiu com o amigo Ramalho Ortigão.
Cônsul em Havana em 1872, lutou em favor dos trabalhadores chineses vindos de Macau. Também defendeu os imigrantes lusitanos nos Estados Unidos e no Canadá, que visitou em 1873. Quando era cônsul em Newcastle-upon-Tyne (de 1874 a 1888), escreveu artigos que resultaram nos livros Cartas de Inglaterra e Crônicas de Londres.
Em 1875, Eça de Queirós publicou o célebre romance O Crime do Padre Amaro, uma crítica à falsa religiosidade. O Primo Basílio, de 1878, é uma sátira aos apaixonados e suas amarguras. Entre suas obras principais estão ainda A Relíquia (1887), Os Maias (1888), A Cidade e as Serras (1901) e A ilustre Casa de Ramires (1900).
Realista e irônico, Eça de Queirós foi o maior romancista português de sua época. Ele atacou a hipocrisia moral e denunciou a contradição entre a religiosidade aparente e os sentimentos reais das personagens que retratava em seus romances. Criou muitos tipos pitorescos, como o Conselheiro Acácio, de O Primo Basílio, notável por sua habilidade em teorizar sobre o óbvio.
Casado em 1886 com Emília Pamplona, em 1888 o escritor foi designado cônsul em Paris, onde morreu em 1900.