Coronelismo

Durante muito tempo, o governo brasileiro não teve condições de exercer diretamente sua autoridade em todo o território nacional. A falta de recursos financeiros e, sobretudo, de meios de comunicação tornava isso impraticável. A solução encontrada pelos governantes foi delegar sua autoridade aos chefes políticos de cada lugar (chamados “coronéis“), encarregando-os da manutenção da lei e da ordem. Essa situação persistiu no interior do país pelo menos até a Revolução de 1930.

Inicialmente, coronéis eram os chefes locais da Guarda Nacional, corporação de polícia criada em 1831 pelo regente Feijó e encarregada de manter a ordem pública e recrutar soldados para o Exército. Os chefes políticos locais (senhores de terra ou seus representantes) ambicionavam o posto de coronel e, depois de nomeados, tinham de comprar a patente para exercerem a função. Com o tempo, passariam a ser chamados coronéis todos os fazendeiros e comerciantes mais ricos que dominavam a política de cada município, geralmente de modo paternalista e autoritário. Depois de encerradas as guerras do Prata, em 1870, a Guarda Nacional foi perdendo sua função recrutadora. Mas os coronéis mantiveram seu poder, oficializado ou não. Cercados por seus jagunços e protegidos, intrometiam-se em todas as disputas, resolviam praticamente todas as questões conforme bem entendiam. Devido a essa influência, havia um lema bastante difundido nas delegacias de polícia do interior brasileiro: “Aos amigos fazemos justiça, aos inimigos aplicamos a lei”.

O Compromisso Coronelista

voto de cabresto

Na época do coronelismo acontecia o voto de cabresto, onde o trabalhador era obrigado a votar em quem o coronel mandasse

O “compromisso coronelista” vigorou durante a chamada República Velha, de 1889 a 1930, quando a política nacional era controlada pelos grupos regionais de proprietários de terra (as oligarquias) e os governos estaduais tinham grande autonomia. Esse compromisso existia entre o governo estadual e os chefes políticos de cada localidade. O governo dava “carta branca” ao coronel para que este agisse à vontade em seu município, controlando a polícia, fazendo as vezes de juiz e até nomeando funcionários estaduais. Em troca, o coronel dava apoio aos candidatos do governo. E, como o voto ainda não era secreto (o que só aconteceu depois de 1934), o eleitor do campo votava em quem o coronel mandasse. Na verdade, o coronelismo representava muito mais do que o poder dos coronéis: era um meio de o poder central se fortalecer servindo-se do decadente poder local que eles exerciam. A partir da Revolução de 1930, os coronéis perderam gradativamente seu poder.

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